
Andréa Casa Nova Maia possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), mestrado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2002). Pós-doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenadora da Área de História do Brasil do Instituto de História (2018-2020) e professora de História do Brasil Republicano e História da Arte da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Moderna e Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: história oral, história cultural, história das cidades, história do brasil contemporâneo e história da arte. É Presidente da Associação Brasileira de História Oral (Gestão 2020-2022) e foi vice-presidente da Associação Internacional de História Oral (IOHA) entre 2014-2016.
Essa entrevista foi feita por chamada de vídeo no final de 2020. Optamos por deixar, na transcrição, as marcas de oralidade da conversa.
MFM (Flávia R. Veras): Agradeço, em nome de todas as editoras da Revista Mulheres do Fim do Mundo, sua disponibilidade para essa entrevista. Temos algumas perguntas sobre os mundos do trabalho e as lutas sociais contemporâneas. Queremos pensar, com você, a questão docente, a pandemia e, também, o seu trabalho super reconhecido no campo da História Oral.
MFM: A gente queria começar perguntando como você enxerga a relação entre história, historiografia e militância, como você pensa as relações entre engajamento político e intervenção pública do historiador e da historiadora.
Andréa Casa Nova Maia: Eu construí minha militância como historiadora oralista. Desde que eu comecei a estudar, ainda na graduação em história - antes de me tornar professora e fazer minha carreira acadêmica - eu comecei pensando as possibilidades de uma história oral engajada. A história oral me colocou no mundo da política. Ela me mostrou que eu fazia história não só para pegar um diploma, mas para tentar transformar a sociedade. O historiador oralista trabalha muito com movimentos sociais, com movimento popular, com as pessoas simples, com as classes subalternas. No primeiro período [da graduação] eu comecei a pensar em fazer um projeto de pesquisa, e eu já tinha essa ideia de pensar a partir de um engajamento político.
Vou contar como descobri a história oral. Eu tinha um amigo... [eu tinha 15 anos eu nem estava pensando em fazer história, talvez eu já pensasse um pouquinho por causa da 5ª série, lá mesmo no início da minha formação. Eu lembro que quando eu tinha 11 anos a minha mãe me deu aquele livro História da riqueza do homem[1] do Leo Huberman[2] e aí eu fiquei muito impressionada com aquilo. Ela pediu nas férias para eu “fichar” e eu nem sabia que era fazer fichamento, tinha só 11 anos. Mas eu fiquei lendo aquilo e descobri tanta coisa, por exemplo, crianças trabalhando nas fábricas, toda aquela questão de maus-tratos desde a época medieval. Enfim, tudo aquilo que o Leo Huberman trazia no livro antiquíssimo dele que já era um clássico]. Eu ainda estava fazendo um curso técnico patologia clínica, não tinha nada a ver com humanas, quando eu conheci o Juliano Spyer[3], através do pessoal da família - ele era sobrinho de um grande amigo do meu padrasto e estava fazendo história na USP. Fui visitá-lo em uma ocasião, um pouquinho antes de entrar na universidade. Ele estava fazendo uma pesquisa de História Oral para o José Carlos Sebe Bom Meihy[4]. Era um estudo sobre a Carolina de Jesus[5]. A ideia era reconstruir a trajetória de Carolina de Jesus a partir dos familiares que ainda estavam vivos na época. Ele me falou que sua pesquisa seria feita a partir de História Oral e foi me mostrando os projetos e contando a história da Carolina de Jesus. Eu fiquei impressionada com a história dessa mulher simples, favelada, que vendeu mais livros que Jorge Amado nos anos 70, que tem esse texto diário chamado "Quarto de despejo" que conta a realidade social do povo naquele momento histórico e político. Naquela mesma semana que eu passei hospedada na casa dele eu assisti uma aula de História do Brasil Contemporâneo na USP. Era o Sebe que estava dando uma aula sobre os "anos de chumbo", sobre o projeto Brasil Nunca Mais[6] com os relatos das pessoas que foram torturadas e ele passou um filme, Que bom te ver viva[7]. Eu tinha 16 anos e aquilo me marcou profundamente. A partir dali, nós começamos a discutir os relatos de tortura sofrida pelas mulheres que eram militantes na época da ditadura brasileira e aquilo me deixou completamente transtornada. Eu até tinha alguma ideia sobre o período ditatorial, porque meus pais são professores universitários, e minha mãe atuou na militância na época da juventude, já como professora. Eu conhecia um pouco essa história, mas não tinha noção do que tinha sido a tortura no Brasil. Aquelas imagens, aqueles relatos de mulheres sendo torturadas de maneira tão cruel, aquilo me deixou completamente transtornada e pensando na necessidade de se contar essas e outras histórias. Quando voltei para Belo Horizonte, fui prestar o vestibular na UFMG e já pensei: vou fazer história e quero trabalhar com História Oral. Eu quero desvendar o mundo. Waldir, meu avozinho torto, já era senhor de idade. Ele era o pai do meu padrasto e tinha sido operário em uma mina de ouro de propriedade dos ingleses em Nova Lima, que é uma cidadezinha mineradora próxima de Belo Horizonte. Eu ouvia aquelas histórias do Senhor Waldir, ele contava todo domingo as histórias das relações de trabalho, sobre como os ingleses tratavam os mineiros, como eram as relações de poder e de dominação dentro da mina... E pensando também na época de Vargas, que foi uma descoberta para mim já no curso de história. Pensar esse período de formação da classe operária brasileira e de conquista/ regulações/ concessões de direitos trabalhistas. Eu fiquei muito interessada em saber do cotidiano dos trabalhadores.
Então, eu cheguei na História Oral pela questão da história e o engajamento político veio naturalmente. Como eu sou filha de professores universitários, eu sempre participava dos eventos acadêmicos. Eu ia para a assembleia dos professores, eu lembro que pequenininha eu estava na reunião do pessoal do sindicato de docentes, depois a gente teve toda uma luta pelas “Diretas já”. Não era só o “eu quero votar para presidente”, porque eu não tinha ideia, mas eu tinha muito essa coisa do voto para reitor, da luta pela liberdade. Eu lembro dos congressos da SBPC[8] que a minha mãe ia e me levava junto. Eu fui criada nesse ambiente propício à militância, em uma universidade pública e batalhando pela qualidade. Foi por aí o início dessa trajetória.
MFM - É interessante como nossas vivências quando crianças nos levam a construir um certo modo de interpretação do mundo… Sua resposta relaciona-se com a segunda que eu teria para fazer, que é sobre as novas conjunturas do mundo do trabalho, mais especificamente sobre as perdas de direitos, a flexibilização, a informatização. Como você enxerga as possibilidades de luta e de organização dos trabalhadores dentro dessas novas conformações?
Andréa Casa Nova Maia - Olha, é interessante, porque eu acho que a gente teve nos últimos anos a entrada no neoliberalismo no Brasil e no mundo inteiro, esse processo de flexibilização das leis trabalhistas, e no caso do Brasil a coisa foi mais pesada porque nós tivemos logo depois do impeachment um governo acabando com a CLT (embora eles tenham chamado de "reforma trabalhista", foi uma destruição da CLT). Eu vejo que, no mundo inteiro, os sindicatos ficaram muito enfraquecidos, a luta tradicional ficou enfraquecida, por causa justamente da dificuldade de você armar, por exemplo, um chão de fábrica para fazer uma greve… Enfim, tem uma série de questões trazidas por essa flexibilização das leis que desmontaram o mundo do trabalho. E, paralelamente a isso, um discurso muito complicado de empreendedorismo, no caso sobretudo destes trabalhadores que agora não têm mais vínculo empregatício, que agora são chamados de colaboradores, eles não são mais trabalhadores, agora são “colaboradores”, são “empreendedores” e isso é muito difícil de combater. O que me dá esperança, sobretudo no caso brasileiro, são movimentos que já estão se articulando, inclusive internacionalmente. Sobretudo na América Latina, eu vejo um papel ainda muito grande das organizações internacionais do trabalho, que de certa forma dão conta de pensar as problemáticas, claro que temos uma singularidade no caso brasileiro, mas o que está acontecendo é um movimento do capitalismo no mundo inteiro. A gente tem sempre que pensar de uma maneira transnacional, global. No caso específico do Brasil, eu tenho muita esperança em determinados movimentos ainda que muito fragmentados, sobretudo desses grupos que estão se articulando contra isso, e eu me lembro muito do Galo, aquele rapaz que está liderando o movimento dos entregadores dos aplicativos, Ifood, Rappi etc... É um movimento que eu acho muito rico e eu gosto muito de recuperar a fala dele, porque ele coloca pra gente que ainda é possível pensar diferente. Porque eles estão lutando por direitos quando falam que a gente nem devia mais estar lutando por isso. A gente está precisando lutar por coisas que a gente perdeu. Por exemplo: a própria carteira de trabalho, o mínimo de seguridade para trabalhar, porque estes rapazes que estão atuando como entregadores, muitas vezes, antes, têm que comprar o próprio equipamento. Tudo eles mesmos têm que fazer, como se fossem realmente donos. O uberista, o dono do carro, eles não têm direito a nada. Então eles trabalham de manhã e de noite para levar um dinheiro para casa, se eles sofrem algum acidente eles não têm cobertura nenhuma, eles são mais um carrinho no aplicativo chegando, indo.
Recentemente, fiz uma palestra em que usei um filme muito bom, o inglês Você não estava aqui, de 2019. A direção é do Ken Loach. Tem dois filmes desse mesmo diretor, que encenam as relações de trabalho no mundo, sobretudo na Inglaterra. Um aborda mais a aposentadoria, a questão dos direitos do idoso: Eu, Daniel Blake. E esse Você não estava aqui, que ele fez depois, é justamente sobre esse processo de precarização: o cara perde o emprego, é chamado para ser colaborador em uma dessas empresas de entrega, só que depois a vida dele vira um inferno. Ele é assaltado, tem que pagar tudo, tem que pagar pela máquina. Tem que chegar cedo e voltar tarde, enfim, tem que cumprir uma série de metas e a vida dele vira um inferno. Eu citei esse filme para dizer o seguinte: apesar de toda a desesperança que pode surgir, de todo esse processo de desmonte do Estado de bem estar-social, ou de um Estado mediando as relações entre capital e trabalho, eu acho que toda essa transformação que nós estamos vivendo nos deixa muito abalados, eu pelo menos sinto um pessimismo, uma coisa que parece que não tem saída. Mas, ao mesmo tempo, quando eu vejo esses movimentos, como o próprio Break dos apps, que foram esses dois momentos de paralisação das atividades, de tentativa de mobilização da categoria, que são os entregadores antifascistas. Depois outros movimentos que a gente vê na cidade, apesar da pandemia, apesar de tudo que está acontecendo e da necessidade de a gente ficar quieto, às vezes não tem como segurar, as pessoas vão para a rua. Ainda vão para a rua, ainda fazem manifestação, elas arriscam até ficar doentes para poder trabalhar. Porque eles não pararam de trabalhar, sobretudo essas categorias do trabalho informal permaneceram e sofreram muito com a pandemia. Então, quando elas reivindicam, estão reivindicando porque já estão na rua também, porque elas já estão vivenciando isso de certa forma.
MFM: Falando especificamente sobre professores e professoras, você fez uma pesquisa sobre as professoras da UFMG. Eu lembro que algumas vezes nós chegamos a falar sobre isso… A gente queria saber um pouco como essas transformações, que aparecem no mundo do trabalho como um todo, são sentidas tanto pelos docentes como pelos alunos das universidades públicas que, agora, estão com esse desafio de ensino remoto… desafios esses que também passam pelo corpo dos professores, com as novas adaptações, novas formas de se fazer reunião, de se fazer processo seletivo. Como essas coisas estão sendo resolvidas?
Andréa Casa Nova Maia: Olha, nós estamos passando por um momento absolutamente novo. Tudo para a gente está sendo uma novidade. Mas já dá para ter uma noção de um processo muito complicado que é da exploração do trabalho docente universitário, do trabalho do professorado, né? Porque todo mundo está esgotado. Ao mesmo tempo em que teve muita gente que não dominava tecnologia, não dominava o tipo de trabalho remoto… Essas plataformas todas, né? Google sala de aula, google meet, zoom, etc. A gente teve, então, que descobrir como se manipulava essas ferramentas, fazendo isso em situações... se bem que os professores, a maioria têm acesso a computador, têm internet, mas, no caso dos alunos está complicadíssimo, porque tem muita gente que compartilha equipamentos, que não tem espaço em casa. Eu, por exemplo, estou aqui falando com você e meus filhos estão em outro cômodo. Pelo menos tem mais de um cômodo na casa, então dá pra dividir um pouco. Mas isso atrapalha muito a dinâmica do processo ensino-aprendizagem. Então, o que eu percebi é que os professores, muitos professores já vinham de um processo de degradação cíclica, antes da pandemia, por conta de um excesso de trabalho e uma falta de valorização do trabalho docente. Não só no nível federal, mas nos níveis estadual e municipal. Professores com salários extremamente achatados, né? Trabalhando com várias turmas e enfrentando uma barra pesadíssima com essa flexibilização das leis e todo esse processo. Então já havia o tal do chamado burnout acontecendo. Estafa nervosa e vários problemas psicológicos acontecendo antes da pandemia. Com a pandemia, eu acho que piorou essa situação. A gente teve que descobrir como cuidar de filho, estudar com os filhos, botar os meninos no computador também pra fazer as atividades remotas da escola deles… Eu vejo, daqui de casa, mesmo que eu pague ensino privado para eles, como esses professores estão exaustos, porque a tela parece que suga a gente. Eu tive que preparar cursos remotos, então tive que gravar aulas no youtube… Eu mesma falando e mostrando coisas... Depois, tive as atividades síncronas, que era quando eu encontrava com o pessoal. Eu senti logo dificuldades com a bibliografia mais tradicional, que os alunos iam à biblioteca consultar e que agora não teriam mais acesso. Então, eu tive que pensar em um jeito de fazer essa leitura chegar. Porque eu pensei: “poxa, como é que eu vou fazer esse menino ler no celular uns textos maiores, menores, que eu trabalhava na minha disciplina?”. Então, tive que pensar numa saída pra isso. A minha ideia foi fazer um programa de podcast… Junto com a Karla Carloni, da UFF, fiz uma série de entrevistas com a bibliografia do curso sobre o Brasil Republicano. Então eu peguei aqueles historiadores mais clássicos de história, (história) política sobretudo, e fui entrevistando com a Karla para poder passar para os alunos assistirem como um complemento, um material complementar para a disciplina.
E é óbvio que isso não resolve, mas ajudou muito. Porque muitos não tinham acesso à leitura, não podiam ficar lendo no computador, até porque tem gente de qualquer idade, de qualquer jeito, trabalhando, porque as pessoas não pararam de fazer... Então, a gente vê que foi um desafio, é um desafio, e às vezes dá certo. Por exemplo, eu adorei o curso. No final, deu tudo certo! Esse podcast realmente ajudou bastante, as aulas no youtube também. Então, o curso foi legal. Mas eu fiquei exausta, até porque a gente não parou de participar de banca de mestrado e de doutorado, porque eu atuo na pós-graduação, não parei de trabalhar nenhum minuto, participando de banca, coordenando, organizando livro, enfim, trabalhando, varrendo casa, botando roupa pra lavar, fazendo faxina e cuidando de bicho. Então foi muito, muito estressante. Está sendo, porque eu acho que ainda é muito cedo para falar em um “pós-pandemia”. Se a gente já está tendo uma segunda onda (e aqui no Brasil, com a falta de cuidado, com o relaxamento dos protocolos, eu creio que em breve nós teremos uma segunda onda). Então, eu que ainda estou em casa… Você sai na rua, tem gente sem máscara… então é um pouco isso.
MFM: O podcast e o canal do youtube estão abertos para o público em geral?
Andréa Casa Nova Maia: Estão completamente abertos. É só você colocar no google: IMAM-BR podcast[9]. Na Anchor, no Spotify, nesses aplicativos de escutas, de programas de podcast você tem acesso. E também está na página, no site do grupo de pesquisa que é IMAM, Laboratório de Imagem, Memória, Arte e Metrópole (https://imam.historia.ufrj.br/), você também tem acesso a todas as entrevistas que a gente fez.
MFM: Vamos colocar um link na entrevista para dar acesso a quem quiser ver...
Andréa Casa Nova Maia: Ficou muito rico! Tem muita gente, inclusive, dos grupos em que eu participo, que está me dando notícias: “nossa! Eu usei o podcast pro meu curso, está sendo ótimo, aprendemos à beça”. Então, o trabalho valeu a pena. Teve também um livro que está saindo agora, que eu organizei com a minha mãe, porque, no início da pandemia, eu achei que eu fosse ficar louca. Assim… que eu ia ficar só varrendo casa, cuidando de menino, que eu não ia mais produzir nada, que eu não ia mais fazer reflexão... Aí eu resolvi organizar um livro e tive a ideia de pedir para a minha mãe me ajudar. É o livro Arquivo Pandemia[10]. Então, nós fomos ao longo dos meses de abril, maio, até mais ou menos meados de maio, convidando pessoas para escreverem sobre o cotidiano da pandemia. Intelectuais, artistas… O que houvesse de registro, memórias dessa pandemia. Só que o negócio ficou muito bom e muito grande, e aí a gente falou “poxa!” E não acabava… Então comecei a contatar pessoas, porque muita gente me procurou e disse: “Naquela época que você me convidou, eu não tinha condição. Eu estava completamente presa em casa, angustiada, não tinha o que fazer. Mas, agora, eu quero”!
Então, teve um segundo volume… A gente acabou coordenando 150 autores, uma coletânea imensa. Cada um tem mais ou menos 500 páginas, então são 2 volumes do Arquivo Pandemia, que vai ser lançado agora, no próximo mês. E o pessoal está perguntando, “não vai ter terceiro volume”? Eu falei, gente, se eu fizer um terceiro volume, acho que vou morrer porque a burocracia de pegar carta de direito autoral, mandar pra editora… A editora retornava, mandava para cada autor… Foi um trabalho muito maior do que imaginei inicialmente, fiquei encarregada de tudo, praticamente, da edição. E agora nós vamos lançar. Mas foi um trabalho que acabou ficando muito interessante... Teve um desdobramento… Em razão de minha trajetória com a metodologia de História Oral, com o tema da memória, fui convidada por Ana Carolina Maciel para ser uma das curadoras de um projeto sobre a pandemia, que é o Memórias Covid-19[11]. É uma plataforma da Unicamp que está funcionando um pouco como uma “cápsula do tempo” para se pensar a pandemia. Então, você pode mandar textos, imagens, crônicas, áudios, o que você quiser/tiver de documento de sua vida cotidiana sobre a experiência da pandemia. Um projeto muito legal.
Ano passado, eu tinha me reunido com o grupo de pesquisa que coordeno, o IMAM, pra gente pensar um livro que fosse um pouco o resultado de nossos debates. Convidei uma série de participantes do grupo, inclusive alunos da pós-graduação (e até de graduação) para escrever. Vi que muitas pesquisas estavam pensando mulheres, então pensei em fazer esse recorte do feminino, pensar esses cristais de memória e história de mulheres nos arquivos do tempo. Então, muita gente que eu tinha convidado na ocasião abandonou o projeto, em razão da dificuldade de produção e escrita em meio à pandemia. Convidei novas pessoas para participar do livro e consegui fechar. O livro sairá pela Editora Telha (o ebook) - e o impresso, se tudo der certo, no dia 8 de março de 2021, aproveitando as comemorações de nossas lutas. Tem texto sobre mulheres de todas as cores, gerações, profissões, ficou muito amplo.
MFM: Queria que a gente voltasse a falar um pouco de História Oral e da dinâmica das redes. Essas novas fontes, fontes digitais, têm um impacto muito forte na História do Tempo Presente... Inclusive lançando luz sobre novos sujeitos, sujeitos populares, subalternos. Agora, como nova presidente nacional da Associação Brasileira de História Oral, gostaria que você falasse um pouco dessa relação da História Oral com as redes sociais. Quais são as novas possibilidades para a historiografia, em geral, e para a História Oral, em particular?
Andréa Casa Nova Maia: eu acho que são novas possibilidades e novos desafios… Porque entrevistar indígenas, quilombolas, que têm pouco acesso à tecnologia, é complicado. Já era complicado com o uso do gravador. Agora, com a utilização de chamada de vídeo, fica mais complicado ainda. Por outro lado, esses grupos também estão desenvolvendo o uso dessas novas tecnologias… Mas precisamos pensar a técnica envolvida nesse processo… Isso, inclusive, foi o que lancei de desafio no meu discurso de posse na presidência da ABHO, na semana passada, no Encontro Nacional de História Oral, que foi totalmente virtual e que deveria ter acontecido em Belém do Pará… Eu penso que estamos, agora, construindo um arsenal de discussão sobre como, por exemplo, fazer História Oral em tempos de pandemia. Muitos de meus alunos estão preocupados, já que não podem ir a campo e têm que entrevistar guaranis, têm que entrevistar mulheres idosas, grupos que são mais vulneráveis... É muito complicado, porque o historiador oralista sempre buscou o encontro presencial - como sendo, inclusive, uma parte fundamental para você criar uma empatia com seu interlocutor, ouvir... tem toda a gestualidade do encontro, troca de olhares, tudo isso se perde quando você faz uma entrevista remota, pelo telefone ou mesmo por vídeo… O encontro não é tão rico quanto seria se fosse presencial… Por outro lado, no momento de sucateamento das verbas para ensino e pesquisa nas universidades, e em todos os âmbitos de ensino... No momento em que o governo corta verbas e tira bolsas de formação dos mestrandos, dos doutorandos, não precisar viajar para ir a campo pode ser interessante - se você, de fato, conseguir a entrevista por outros meios. Não é o ambiente ideal, nunca substituirá completamente o encontro presencial (como eu também acredito que o ensino presencial jamais será substituído pelo ensino a distância ou por qualquer tentativa de alguma coisa híbrida… Porque isso que temos feito também não é ensino a distância… Podemos chamar de atividade remota, encontro virtual, mas nunca vai substituir a aula presencial. O afeto, o encontro, a bagunça da sala de aula a gente não consegue reproduzir).
Da mesma forma, a gente vai ter que pensar como fazer História Oral sem a presença do outro, ou com uma presença remota. Essa discussão ainda não está feita. E o papel em que eu me coloquei lá na Associação Brasileira de História Oral era justamente pensar nesse movimento de História Oral [porque não vejo a História Oral como técnica, metodologia ou disciplina... Para mim História Oral é um movimento, como Mercedes Vilanova[12] falava… é um locus interdisciplinar federativo, como fala Sebe, porque encontra-se pessoas de várias áreas, não só da história… Pessoas das ciências duras, da medicina, da engenharia, da física, da enfermagem, do meio ambiente, da biologia, gente de todo lugar, que se encontra através da História Oral…]
Na História Oral, a gente tem movimentos sociais lutando pelo direito à própria história, à própria memória. Tem instituições, claro, museus, arquivos... mas eu vejo que a História Oral tem um papel muito forte de resistência dessas populações que estão se afirmando, querendo se afirmar, agora. Inclusive na política, como a gente viu no resultado das eleições de ontem. Nós tivemos uma votação expressiva em mulheres, em mulheres negras, em mulheres trans, então a gente teve uma possibilidade de reverter um pouco a destruição da nossa democracia. Apesar de que, obviamente, a gente ainda tem uma presença muito forte de parlamentares e vereadores de extremo reacionarismo, de extremo conservadorismo, nós também conseguimos grandes vitórias com a eleição dessas mulheres e dessas pessoas que entraram. Então, da mesma forma, eu vejo que a História Oral trabalha junto com essa turma. O que eu estou falando? Eu acho que História Oral permite o encontro desse outro e traz as vozes - a gente antigamente falava que era “dar voz aos excluídos''. Não! Os excluídos têm voz! A gente não dá voz, eles têm voz. E eles estão falando, eles estão gritando. E o papel do pesquisador, do historiador, sobretudo do historiador que usa a metodologia da História Oral, é justamente o de amplificar essa voz ao máximo. Então, é um pouco nesse sentido que a gente vai ter que ver muito bem como fazer isso. Porque os próprios movimentos sociais… Eu tenho até um artigo com a professora Regina Helena Alves da Silva da UFMG, na Revista de História Oral, no qual a gente trabalhou com ativismos contemporâneos e pensou dois movimentos: o Renovar a Moraria, em Portugal, Lisboa, e o Ocupa Estelita, no Recife. E aí o que a gente percebeu ao analisar esses dois movimentos de ocupação e de associativismo contemporâneo, foi justamente que eles estão se utilizando das redes, do youtube, das mídias sociais, do facebook, do Instagram e de todos esses aplicativos que estão circulando, para construir a sua memória e para contar sua história, eles mesmos constroem grandes arquivos do próprio movimento. Então, é interessante a História Oral pensar um pouco no facebook, no youtube, sobretudo no youtube, como um grande arquivo de memória desses movimentos. Eu vejo um pouco por aí um alcance e a face positiva dessas novas tecnologias e desses novos espaços de armazenamento de imagens e vozes.
MFM- Pois é, a grande questão é o quanto os agentes e lugares de poder estão mais ou menos dispostos a ouvir essas vozes. Tem também um trabalho seu que vai muito nesse sentido, de colocar a academia como um lugar (de poder) para ouvir e ressoar as histórias desses grupos. Estou falando de uma coletânea que você organizou em 2018, História Oral: direito à cidade, paisagens urbanas, narrativas e memórias sociais[13], que é composta por textos que resgatam a experiência de grupos pouco visíveis, como é o caso das pessoas trans, do skate como arte, do pixo, das pessoas que vivem em remoção. Eu queria que você falasse um pouco para a gente como foi a seleção desses textos, como se deu a produção deste trabalho.
Andréa Casa Nova Maia: Esse trabalho surgiu a partir de um convite da Junielle Rabello, da UFF, para organizar uma discussão sobre História Oral e cidade. Como eu já estava trabalhando com essa questão, eu fiz um pós-doutorado sobre a ocupação do espaço urbano pela prática do skateboard. Eu pensei em organizar esse livro e colocar primeiro essa produção do meu pós-doutorado, e aí comecei a pensar em quem eu poderia chamar do Brasil inteiro e até de fora do Brasil que estivesse pensando essas questões. E aí fui contatando... contatei a Regina Helena, que já era minha parceira nesse e em outros projetos, ela já tinha sido minha professora, eu sabia que ela trabalhava com o espaço urbano, ela trabalhou muito também com a questão da mídia. Inclusive, atua - não sei se vai continuar atuando, porque se aposentou – no Programa de Pós-Graduação não só da História, mas também da Comunicação Social da UFMG, e ela tinha feito um trabalho na Finlândia. Um trabalho muito interessante de desenvolvimento de uma metodologia de percepção urbana através da memória de uma idosa e da neta dessa idosa passeando pela cidade e percebendo, fazendo uma leitura sensorial da paisagem urbana, de duas gerações distintas conversando entre si. Inkeri Aula, que era uma professora de lá, da Finlândia. Então eu falei: “poxa, eu vou pedir [um texto] porque eu acho que é importante a gente também ter um debate metodológico sobre essa relação entre cidade e História Oral”. E, também, eu sabia de um trabalho muito interessante que estava sendo feito pelo Antônio Carlos Montysuma com uma orientanda dele, sobre uma História Oral das praias de Florianópolis, numa comparação com o pessoal lá de Veneza, também pensando um pouco sobre as relações de poder na praia… e aí convidei. E fui convidando assim, fui sabendo de coisas, de pessoas que estavam fazendo pesquisas que eu achava interessante, [pessoas que estavam] mexendo com patrimônio, quilombo... Então eu chamei a Denise Pirani, que é antropóloga, para falar sobre uma comunidade quilombola lá de Belo Horizonte, Minas Gerais, o pessoal do pixo... Eu consegui o contato de um rapaz que tinha feito uma dissertação de mestrado sobre o pixo e o convidei. Fui convidando assim, no sentido da pluralidade de temas, que abarcasse o direito à cidade. A grande questão era essa! Então, pensar a ocupação, pensar remoção, historicamente, a partir da memória, da História Oral, mas sempre nessa perspectiva. Os processos de gentrificação, os processos, também, que acho muito interessantes e ricos, que as próprias comunidades fazem, por exemplo, como o trabalho da Lise Sedrez e da orientanda da Natasha Barbosa, em que elas fizeram uma discussão sobre o mutirão de reflorestamento que teve no morro da Babilônia. Como aquela comunidade se mobilizou para reconstruir o morro, para reflorestar e construir hortas comunitárias, toda uma discussão da história ambiental. Tem discussão sobre trans, em que você (Flávia Veras) entrevistou a Dani Balbi[14]. Tem discussão sobre mineradoras… Eu convidei um francês, Philippe Urvoy, e uma angolana, Hanane Idihia, que fizeram um trabalho super legal sobre regiões de mineração que foram de grande importância numa determinada época e, agora, tem outra realidade, na cidade de São Pedro da Cova (Portugal) e uma cidade na fronteira com a Bélgica, no norte da França... Enfim, foi uma coisa assim, foi acontecendo.
MFM: Tem algumas perguntas aqui, além dessas, mas que foram, de alguma forma, respondidas: uma delas abordava o tema da vivência na pandemia sendo mãe, professora, pesquisadora, autora, militante, sindicalista e tudo mais… Sobre isso, você já nos falou um pouquinho; a outra seria para você falar um pouco sobre o Laboratório IMAM, que de alguma forma já apareceu também; e a última pergunta seria se você poderia dar algum spoiler sobre o livro que será lançado. Eu acho que talvez a gente pudesse responder essas perguntas em bloco, se você quiser acrescentar mais alguma coisa.
Andréa Casa Nova Maia: Com relação à pandemia, estou completamente angustiada e espero que a vacina chegue logo para a gente conseguir voltar para rua. A rua é o grande lugar de conflito, é o grande lugar de construção da história. Em segundo lugar, o laboratório é isso, a gente continuou trabalhando muito; e um dos resultados desse projeto do laboratório foi justamente o livro que mencionei, Recorte do feminino[15]. Foi montado assim bem na correria, muita gente desistiu, eu tive que convidar outras pessoas, mas ficou muito legal. Para ser bem rápida, tem um trabalho muito bonito do Maurício Zouein (um dos associados do laboratório) sobre as imagens fotográficas de mulheres indígenas sob o olhar do colonizador… Ele chamou de Resistência do corpo, é um trabalho muito bonito… Depois, eu e minha bolsista de iniciação científica, continuou Suzana Vieira, como coautora, pensando Artêmis, que é aquele mito da deusa caçadora. Fizemos um exercício metodológico a partir de algumas imagens que aparecem em duas revistas que eu estou comparando num projeto maior... Tem a Karla Carloni, da UFF, falando da imprensa como arma, Conflito de gênero no Rio de Janeiro na década de 1920. Depois, tem o Tiradentes de Carmem Santos, um trabalho sobre a grande cineasta Carmem Santos, que pensa Inconfidência Mineira e a monumentalização da história… Luiz Costa escreveu para gente, ele é meu orientando (tem gente que já é pesquisador associado, que já é doutor, e os que estão terminando o doutorado, fazendo mestrado). Outra orientanda, a Camila, terminou de fazer o mestrado e fez um trabalho sobre os padrões de beleza e a indústria cosmética na imprensa brasileira nos anos 1940, em Últimos recursos de Eva, que é título do trabalho dela que está muito bom. A Rita Lages foi minha colega de graduação, professora de Belas Artes da UFMG e fez um trabalho muito legal, Outras histórias no mundo das artes: pensando as mulheres artistas, questões de gênero e história das artes em Belo Horizonte nos anos 40 e nos anos 60; o Carlos Eduardo Pinto de Pinto (professor da UERJ e também associado de nosso laboratório) fez uma discussão belíssima sobre a Carmem Miranda em Refrações da Embaixatriz do samba: a persona de Carmem Miranda em chanchadas brasileiras no início dos anos 1950. Luciene Carris, que é minha parceira (já publicamos e organizamos muitos livros juntas) fez um trabalho sobre a representação feminina no fotojornalismo brasileiro, pensando a trajetória de uma grande fotojornalista daqui do Rio de Janeiro... A Michele Caetano, que é minha orientanda também, fez um trabalho sobre o filme Foxy Brown, pensando a mulher no cinema da blackexploitation, uma discussão sobre esse grande paradoxo entre o sexismo e feminismo dos anos 1970. A Andrea Queiroz (historiadora e diretora do Centro de Memória da UFRJ) fez um trabalho belíssimo sobre as historiadoras contra a Ditadura Civil Militar… Ela trabalhou com duas, mas é surpresa, não posso falar muito, mas tenho certeza que vocês vão gostar muito. Raquel Barreto fez um trabalho lindo sobre Lélia Gonçalves, Uma intérprete negra do Brasil; Maria Paula Nascimento, que tem um trabalho maravilhoso, fez um projeto chamado Vozes de Antígona. Ela pegou os testemunhos das mães de vítimas da violência de Estado no contexto já democrático do Rio de Janeiro, é um texto de História Oral muito interessante. Fabiane Popinigis e a Cristiana Schettini fizeram um trabalho (para não perder minha relação com o mundo do trabalho) sobre história do trabalho em perspectiva de gênero e história social no Brasil, vai ser um texto importante para balizar os estudos de gênero em relação à história social do trabalho. Beatriz Lemos (também minha orientanda), fez um trabalho sobre a revista de mulheres a presença da mulher e o protagonismo dessas mulheres na assembleia constituinte entre 1986-1988; tem a Ingrid Gomes, trabalhando com atuação das mulheres na preservação da cultura e memória periférica do século XX; Luzimar Soares Bernardo (historiadora e aeromoça) fez um trabalho sobre a ideia de uma cultura de objetificação do corpo feminino na profissão de comissário de vôo no Brasil repubicano; a Bruna Couto (orientanda de doutorado) trabalha com as mulheres do samba fez uma trajetória da Dorina e o seu olhar sobre as mulheres do samba contemporâneo; e, para fechar, chamei a Dinah de Oliveira, que é uma super professora, curadora e psicanalista das Belas Artes, para pensar alguns trabalhos de arte de artistas mulheres contemporâneas, que ficou com o título bem sugestivo Como preencher fissuras assumindo espaços vazios. Fiz o resumo do sumário para vocês ficarem com vontade... último projeto que estou fazendo!
MFM: E com certeza a gente recomenda!! Andrea, muito obrigada, em nome das editoras da Revista Mulheres do Fim do Mundo.
Andréa Casa Nova Maia: Muito obrigada, Mulheres do Fim do Mundo, a luta continua companheiras!
[1] HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
[2] Leo Huberman (1903 – 1968) foi um estudioso de economia política e história econômica dos Estados Unidos e ligado a movimentos políticos de esquerda.
[3] Juliano Spyer é doutor pelo Programa de Antropologia Digital da University College London. Faz parte do Global Social Media Impact Study, financiado pelo European Research Council. É autor do livro Conectado - o que a Internet fez com você e o que você pode fazer com ela (Jorge Zahar, 2007) e Mídias Sociais no Brasil Emergente (Educ, 2018). Ver: https://www.cafehistoria.com.br/author/juliano-spyer/
[4] José Carlos Sebe Bom Meihy é professor do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Letras e Ciências Humanas, da Universidade do Grande Rio. É professor aposentado do Departamento de História da Universidade de São Paulo.
[5] Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira, conhecida por seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país.
[6] Ver: http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/
[7] O filme aborda a tortura durante o período de ditadura civil-militar no Brasil, mostrando como suas vítimas sobreviveram e como encaram aqueles anos de violência duas décadas depois. Ver:http://bases.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=FILMOGRAFIA&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=ID=023009&format=detailed.pft
[8] Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. [9] Site do laboratório e acesso ao podcast: https://imam.historia.ufrj.br/
[10] Link para acesso ao livro: http://mestrados.uemg.br/noticias-ppgartes/3970-arquivo-pandemia-editora-ufmg
[11] Para acessar a plataforma deste projeto: https://memoriascovid19.unicamp.br/?fbclid=IwAR3l80DAOZVoNJcicAey_y71k7ecl5i4dR4td-ZGM4SRHv1x3xms5FFZsGE
[12] Mercedes Vilanova Ribas é uma historiadora espanhola. Fundou a revista Historia y Fuente Oral e presidiu a Associação Internacional de História Oral.
[13] Sobre o livro: https://ppghis.historia.ufrj.br/livros/historia-oral-cidade/
[14] Parte dessa entrevista com a professora e ativista Dani Balbi foi publicada na quarta edição da MFM: https://www.mulheresdofimdomundo.com/post/entrevista-com-dani-balbi
[15] Recortes do feminino: Cristais de Memória e História de Mulheres nos Arquivos do Tempo é o livro mencionado, que será publicado pela Editora Telha. Tem apresentação de Marta Mega de Andrade e Introdução de Andréa Casa Nova Maia. Conta com a colaboração de 17 professore(a)s e pesquisadore(a)s. A historiadora Michelle Perrot escreveu certa vez que, “no teatro da memória, as mulheres eram sombras tênues”. Segunda Casa Nova, o objetivo do livro é contribuir para transfomar essa imagem espectral: “mostrar mulheres-vaga-lumes, que mesmo nas sombras, surgem, emitindo sua luz”.